Ao longo das aulas tenho tido o desafio de entender , ao menos tentar, o que é o narcisismo e eis que surge agora um desafio ainda maior, além de entender terei que relacioná-lo nos versos da bela canção de Chico Buarque, Minha História.
Letra:
Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, laiá, laiá, laiá, laiá
Ele assim como veio partiu não se sabe pra onde
E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe
Esperando, parada, pregada na pedra do porto
Com seu único velho vestido, cada dia mais curto, laiá, laiá, laiá, laiá
Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha história e esse nome que ainda hoje carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá, laiá, laiá
A imagem que a mãe projeta no filho é o reflexo da imagem narcísica dela mesma.
De acordo com Freud esse reviver o próprio narcisismo é importante para a constituição do Eu ( da criança). Em um determinado momento, cria-se um distanciamento do próprio narcisismo em prol do objeto de cuidado e que ao mesmo tempo esse objeto espelha o seu próprio narcisismo.
Mais adiante vivenciamos a experiência do narcisismo secundário que está projetado na ideia objetal da mãe com o próprio filho,
minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava em mais que uma simples criança.
TRATAMOS AGORA DO NARRADOR.
Me conhecem só pelo nome de menino Jesus...
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz...
Me conhecem só pelo nome de menino Jesus...
O narcisismo nasce do eu ideal, a partir do eu real ele o ( narrador) discursa sobre o distanciamento entre o eu real e o eu ideal projetado pela a mãe; no final das contas o nome de menino Jesus pode-se dizer, ser uma ironia, pois parece existir uma distância significativa entre o eu ideal ao eu real.
Acesse: Minha História
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