MINHA PRIMEIRA AULA DE PSICANÁLISE
Iniciamos a aula descrevendo alguns fatos históricos que acontecia na época, e que possivelmente tenha influenciado Freud no decorrer de sua trajetória , tanto acadêmica quanto pessoal. Essas discussões foram geradas através do wiki que a professora disponibilizou, nós alunos fomos completando com o fato pesquisado, além disso foi sugerido para assistirmos o documentário da CNT A invenção da Psicanálise.
Segue um recorte de um texto, que eu achei bem completo no que se refere ao início de Freud, além disso define os assuntos comentados em aula.
Sigmund Freud nasceu em 6 de maio de 1856 na vila morávia de Freiberg, filho de Jacob Freud, um pobre
judeu comerciante de lã e sua terceira mulher,
Amália Nathanson, após quatro anos sua
família muda-se para Viena.
O curso da evolução emocional de Freud foi modelado pela desconcertante trama de
relações familiares, da qual ele achava muito
difícil escapar. Quando seu pais se casaram havia uma grande diferença de idade entre os dois, o pai já estava com quarenta anos, vinte a
mais que sua mãe.
Freud demonstrava talentos
natos para o conhecimento e seus pais perceberam isso desde cedo. Depois de alguns anos
de penúria em Viena, o pai agora poderia se dar ao luxo de instalar sua família num apartamento
de seis cômodos, que não era absolutamente
ideal para a família que já havia crescido bastante, mas o menino Freud desfrutava de um
quarto apenas seu, onde passava horas e horas
debruçado sobre os livros que tanto adorava.
Suas refeições eram feitas ali mesmo, enquanto
folheava as páginas de literaturas diversas.
Certa vez Freud reclamou do barulho que a
sua irmã Anna fazia ao ensaiar no piano. O instrumento foi retirado e nunca mais voltou. O que
mais importava a todos era a carreira promissora
que o garoto inspirava a toda a família. Um fato
bastante interessante era o de que o menino
tinha uma estranha mania: possuir um diário
onde anotava os seus sonhos. Isso torna o fato
de, segundo ele mesmo, “A Interpretação dos
Sonhos", sua obra mais significativa, não ter
sido apenas fruto de suas intensas pesquisas já
como médico, mas o resultado de um processo
que se iniciou em tenra idade, idealizava poder compreender os
mistérios mais profundos da existência humana.
Tão forte era isso em sua personalidade que
muitos anos depois confessou ao amigo Fliess que, sob alguns aspectos, muito lhe interessava
o exercício da filosofia.
Durante os anos na universidade, Freud não parecia estar interessado na medicina como campo de trabalho, mas como campo de
pesquisa. Foi nesse tempo que conheceu Ernst Wilhelm
von Brücke , o qual lhe seria de grande influência. Com
Brücke, Freud teve contato com a fisiologia cerebral e
sua funcionalidade, trazendo-o mais próximo às teorias
de Darwin. Em 1882, conhece Martha Bernays, uma
amiga de sua irmã Anna. Dois meses depois ficam noivos, mas o casamento ainda teria que esperar alguns
anos, devido a sua situação financeira.
Em 1885, com uma bolsa de estudos de seis
meses lhe fornecia parcos recursos,concedida
pela Universidade de Viena e sob a tutela e defesa de
Brücke, vai a Paris, na época estonteada com as façanhas do psiquiatra Jean-Martin Charcot. Possuidor
de conhecimento e talento excepcional no campo da
hipnose, Charcot imediatamente se tornaria um marco
para Freud.
Influenciado pelas técnicas de indução hipnótica Freud utilizou-as consistentemente em seus
primeiros anos como psiquiatra e psicólogo. Pode-se
até conjecturar que a teoria do inconsciente freudiana
está intimamente relacionada às suas experiências com
essa técnica, abandonada anos depois.
Freud ficou deslumbrado com
Jean-Martin Charcot por cerca de seis semanas, ele
trabalhou no estudo microscópico de cérebros infantis
no Laboratório Patológico de Charcot, na Salpêtriére;
mais tarde, algumas extensas publicações sobre afasia
e paralisia cerebral infantil viriam a provar que ele mantinha interesse, ainda que se reduzindo gradualmente,
por pesquisas neurológicas. Mas a presença poderosa
de Charcot afastou-o do microscópio e o impeliu a uma
direção para a qual, conforme alguns sinais visíveis, já
vinha se encaminhando: a psicologia.”
O abandono da técnica de hipnose por Freud está
relacionado ao fato de que nem todos os pacientes
eram hipnotizáveis. Isso fez com que ele percebesse
uma séria limitação na técnica. Mais ainda, nessa altura, já havia se tornado um excepcional observador de seus pacientes, percebendo os efeitos
positivos do que chamou de técnica da associação livre.
“Freud celebrou os resultados brilhantes que
poderiam advir dessa nova técnica, entendendo-se sobre o caso clínico de “Fräulein Elisabeth
von R.”, a quem de início hipnotizara por pouco
tempo. Seu relatório sobre essa paciente, que o
procurou no outono de 1892, mostra quão sistematicamente ele vinha, agora, cultivando o dom
de observação atenta. A primeira pista para um
diagnóstico da neurose de Elisabeth foi sua excitação erótica, quando ele pressionou ou apertou-
-lhe as coxas durante um exame físico. “O rosto
dela”, observou Freud, “assumiu uma expressão
singular, mais de prazer do que de dor; ela gritou um pouco como se fosse, não pude deixar
de pensar, uma cócega voluptuosa; seu rosto
se afogueou, atirou a cabeça para trás, fechou
os olhos, o tronco pendeu para trás.” Ela estava
experimentando o prazer sexual que negava a si
mesma em sua vida consciente.” Os olhos atentos de Freud aliados à sua percepção aguçada com a prática, mostraram-se
apenas uma face das ferramentas que acabaria
por utilizar em seus pacientes. A teoria inovadora
que vinha construindo e que o tornaram um arqueólogo de almas estava relacionada à catarse
sintomática, provinda da expressão verbal, que
jorrava através da livre associação, trazendo à
tona o substrato profundo que vive nas dobras
do inconsciente humano.
“Foi a conversa mais do que a
observação, por mais atenta que fosse, que se
revelou como a chave para a cura.
Freud e Elisabeth von R. “removeram” o “material psicológico patogênico” era um
procedimento que gostávamos de comparar à
técnica de escavar uma cidade soterrada”. Freud
incentivava a paciente a fazer associações livres.
Durante os silêncios dela, quando ele lhe perguntava o que lhe passava na cabeça e ela respondia “Nada”, ele se recusava a aceitar isso como
resposta. Aqui havia outro mecanismo psicológico importante que seus pacientes cooperativos
(ou melhor, não cooperativos) estavam mostrando
a ele: Freud estava conhecendo a resistência.
Era a resistência que impedia Elisabeth von R.
de falar; tinha sido seu esquecimento voluntário,
achava ele, que, fundamentalmente, provocara
os sintomas de conversão. A única forma de se
libertar de sua dor era falar”.
O próximo passo de Freud seria se debruçar no particular dos sonhos e descobrir que os
símbolos que emergem do onírico lhe davam
pistas bastante concretas sobre o mundo do
pré-consciente. Mas ao mesmo tempo, sabe
que o universo simbólico, para quem os analisa,
não é um mundo que vem pronto. O psicanalista
não pode querer tratar esses símbolos fora de
contextos mais profundos.
Os símbolos são, é claro, e nisso ele estava
completamente certo, a linguagem que nosso
inconsciente se utiliza para jorrar para fora o que
está soterrado em nossa profundidade, mas no
entanto, não podem ser tratados como letras de
um alfabeto visual, encaixados num tempo linear
e mesmo contendo algum tipo de norma expressiva universal, pois, há ainda outra maneira pela qual os sonhos
transmitem seu sentido interno: através dos símbolos. Freud atribuiu um papel apenas marginal
aos símbolos; nas primeiras edições de A Interpretação dos Sonhos, mencionou-os somente de
passagem, e mais tarde acrescentou uma seção bastante longa sobre eles, principalmente por instâncias
de Wilhelm Stekel e outros de seus primeiros discípulos. A pura qualidade mecânica da interpretação dos
símbolos nunca deixou de incomodá-lo. “Quero advertir
enfaticamente contra a superestimação da importância
dos símbolos na interpretação dos sonhos”, escreveu
em 1909, alertando ainda contra “restringir o trabalho da
tradução dos sonhos à tradução dos símbolos e abandonar a técnica de tirar bom proveito das associações do
sonhador”, mas o motivo principal pelo qual Freud fica entre o
muro e as pedras é o fato de que sua teoria das pulsões
básicas, divididas entre Eros, ou pulsão sexual básica
para a vida, e Tânatos, pulsão de morte, agressiva, estava à frente de seu tempo. Falar abertamente de sexualidade como falou em sua época, foi demais até mesmo
para outros pesquisadores envolvidos com a trama da
mente. Não foram poucas as vezes que foi chamado de
pervertido, mas a sua convicção era mais forte que seu
medo e talvez por isso conseguiu, em meio a um mar de
calúnias e perseguições, se fazer respeitado mesmo por
seus perseguidores.
A vida do precursor da psicanálise, além de levantar
uma tremenda gama de especulações, suscita também um enorme rastro de dúvidas. Por acreditar que
os biógrafos jamais encontram o fio da meada, que de
maneira nenhuma conseguem reconstruir exatamente
qualquer personalidade, chega a destruir uma enorme
quantidade de documentos. Segundo ele mesmo, numa
carta de 1885 à Martha Bernays, sua noiva, confessa:
“...quase completado um empreendimento que algumas pessoas ainda não nascidas, mas destinadas ao
infortúnio, vão sentir seriamente...Destruí todas as minhas
anotações dos últimos catorze anos, além de cartas, excertos científicos e manuscritos de minhas obras. Entre
as cartas, foram poupadas apenas as familiares”. Isso pode nos levar a pensar que Freud, conhecendo a complexidade humana tão profundamente, talvez
não tenha querido que futuramente a história lhe reservasse uma biografia mentirosa ou repleta de omissões,
como tantas outras que nos chegaram às mãos. Sua
preocupação consigo mesmo, ou seja, com a imagem
que provavelmente seria construída futuramente em
torno de sua personagem, provavelmente não tenha
nada a ver com vaidade, mas com o compromisso que
sempre teve com a verdade científica. De forma alguma
podemos discutir em poucas linhas o imenso legado do
pai da psicanálise. Sua figura controversa e a grandiosidade material de sua obra não nos deixa outra alternativa, a não ser pincelar levemente sua magnífica
jornada.
https://www.youtube.com/watch?v=NR8JrY2_3dE
Elaine, tente deixar mais claro os bastidores do seu estudo: o que leu, o que te interessou, o que te consternou? Cuidado com o copia-cola apenas!
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